por Rafael Xavier*
Enfim, o ministro Fachin liberou de sigilo as investigações
envolvendo políticos brasileiros[1]
e não deixa de causar perplexidade o número de personagens envolvidos na delação
de apenas uma empreiteira (a Odebrecht).
Acontece que os esquemas eleitorais são robustos e aparentam
custar muito mais do que o declarado há muito tempo. Impressiona o fato de que
a justiça e seus órgãos auxiliares tenham percebido e se aprofundado nas investigações tão
recentemente, mas isso é papo pra outro dia.
O fato é que Emilio Odebrecht, patriarca da construtora mafiosa, em
depoimento, afirmou que reconhece corromper políticos em troca de favores
empresariais há cerca de três décadas! [2].
Na mesma esteira, Marcelo Odebrecht declarou duvidar que algum
político tenha sido eleito no Brasil sem utilizar a pratica do “Caixa 2”[3],
isto é, sob a ótica do maior operador da Construtora, não há ser humano que
exerça cargo eletivo no Brasil, que se enquadre dentro
das normas legais.
Apesar de tudo isso, nossa sociedade parece indiferente. Os
protestos efusivos de outrora, deram lugar a um conformismo quase complacente.
De concreto mesmo, uma indignação comedida contra a classe política. Mais pela
recessão e pelo desemprego que pela corrupção. Indignação tão discreta que
ainda suscita conjecturas sobre a eleição de um salvador da pátria, ao invés de
questionamentos ao modelo político e eleitoral posto.
Há que se despertar para o fato de que 30 anos é o tempo da nossa
democracia e que as grandes empresas (seria muita ingenuidade acreditarmos que
só a construtora citada acima praticava tais condutas) sempre doaram recursos
financeiros sem discriminar partidos, muitas vezes, doando à adversários diretos
em um mesmo pleito, sempre esperando em troca conseguir vantagens financeiras e
contratos milionários com o poder público. Vale lembrar que antes disso, a
ditadura fazia o que queria com a coisa pública...
Em que pese o mundo político estar desnudo, os corruptores através de seus afáveis acordos de leniência continuam ricos, com empresas sólidas e
podendo (pasmem!) contratar com o poder
público. Se não houver mudança profunda no sistema jurídico, político e
eleitoral, logo estarão financiando uma nova leva de despachantes dos
interesses privados para os três níveis dos executivos e legislativos, e você cidadão comum, que
se prestou a colocar a camisa da CBF ou do MST, a bater panela e a arranjar
briga com o vizinho para defender o partido de sua preferência na rede social, continuará governado pelos grandes interesses
financeiros multinacionais.
Por fim, me posiciono afirmando que defendo um judiciário mais célere e transparente, penas mais rígidas aos
corruptores e uma constituinte exclusiva para reforma política e eleitoral, já que o atual Congresso não tem legitimidade moral para legislar sobre nada, muito menos sobre eleições. Simples assim!
Proteja-se de quem te explora e lute contra o sistema!
Por uma nova Cultura Política: Novo Movimento Democrático!
*Rafael Xavier é Conselheiro Nacional da Fundação Ulysses Guimarães, tesoureiro estadual da entidade e militante do Novo Movimento Democrático.
[1] http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/lista-de-fachin-por-estado-partido-cargo-e-sexo.ghtml
[2] http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/04/1875183-emilio-odebrecht-diz-que-modelo-de-relacao-com-politicos-existe-ha-30-anos.shtml
[3] https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2017/03/27/odebrecht-todos-candidatos-tiveram-financiamento-ilegal.htm
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