artigo do Vereador Joel Maraschin*
O escândalo do BNDES tem muito a nos ensinar, principalmente quando você fala que presidente “a” só queria enriquecer os banqueiros. Presidente “b”, é da elite, ou que o Presidente “c” queria dar o golpe para privatizar e favorecer os grandes empresários.
Deixa eu te contar um segredo, só com as informações que temos hoje, está mais do que provado de que todos os últimos presidentes do Brasil, isso mesmo, TODOS: FHC, Lula, Dilma e Temer, jogaram nos times a, b e c, que falei acima. E TODOS, sempre estiveram nas mãos dos empresários, por que precisavam de grana para suas campanhas milionárias.
Em 2014, a campanha de Aécio e Dilma juntas somaram mais de R$ 100 milhões de reais. E você ai nunca se perguntou: De onde que sai esse dinheiro? Do fundo partidário? Não! Saia do caixa das grandes empresas.
E você novamente se pergunta: Por que diabos uma empresa “doaria” dinheiro para uma campanha eleitoral, sem ganhar NADA em troca? Pura benevolência, concorda? Ou um rostinho bonito? Uma fala mansa quem sabe? NÃO.
O dinheiro que saia do caixa de uma empresa tinha que voltar de uma outra forma. Ninguém seria burro o suficiente para se desfazer de montantes vultuosos de dinheiro apenas pelo patriotismo. Não aqui no Brasil pelo menos.
E ai entra o BNDES em nossa história. O banco que era para financiar e fomentar o desenvolvimento de empresas brasileiras, serviu apenas para gerir um grande esquema de uso de dinheiro público para formar monopólios de alguns setores do mercado, e indiretamente, para financiar campanhas eleitorais.
Já se beneficiaram dos empréstimos do BNDES a Ambev no ramo de bebidas, com seus sócios entre os homens mais ricos do mundo. A GVT/Vivo e Oi nas comunicações, a Klabin na Celulose, as Lojas Americanas no varejo, a Braskem (da Odebrescht), na petroquímica, a Vale nos minérios, o Itaú no mercado financeiro, entre muitos outros.
Mas tem um TRIO de empresas que se destacam por terem sido as principais beneficiadas com empréstimos do BNDES nos últimos 11 anos (2005/2016) e por coincidência, hoje, estas mesmas TRÊS empresas estão diretamente envolvidas no maior escândalo de corrupção da história do PLANETA TERRA e seus sócios e sua grade de diretores presos (exceto a JBS, por enquanto).
São elas:
1º – Odebrecht
2º – JBS
3º – EBX
Este “Trio Ternura” recebeu bilhões de dinheiro público emprestado, a juros baixíssimos, com parcelas a perder de vista e conseguiram aumentar seus faturamentos e seus lucros vertiginosamente, graças a essa “mãozinha” do Estado.
[ Vamos entender melhor o papel de cada uma delas ]
* Odebrecht – Fazia os sonhos do governo e do povo se tornarem realidade, no Brasil e em dezenas de países parceiros ideológicos. Projetos faraônicos saíram do papel e aqueceram a economia do Brasil, gerando milhares de empregos. Estádios, estradas, portos, navios, hidrelétricas, ferrovias, termelétricas, petroquímica, tudo que precisava ser construído passou pela mão de Odebrecht e seu setor de propinas, inclusive obras de outras empreiteiras como OAS, Andrade Gutierres, Queiroz Galvão, Camargo Correia e Cia, que formava o famoso “Clube das Empreiteiras”.
O Governo dava a obra, e a Odebrecht realizava. Um falso sentimento de desenvolvimento foi criado, superfaturando obras, para devolver dinheiro a políticos e partidos políticos como doação de campanha via caixa 1, caixa 2 e propinas. Tudo parte de um “muito obrigado” pelos empréstimos facilitados no BNDES e os demais negócios pelo mundo.
* JBS – Fazia o sonho dos políticos e dos partidos políticos se tornarem realidades. Financiavam campanhas eleitorais, em troca de facilidades para conseguir mais empréstimos, comprarem mais empresas, aumentarem seu faturamento e poderem doarem mais dinheiro para campanhas.
Elegeram 168 Deputados Federais (35% do Congresso), 189 Deputados Estaduais, 16 Governadores e 27 Senadores, que influenciavam diretamente em decisões a favor do Grupo e ainda recebiam informações antecipadas as quais impactavam favoravelmente aos seus negócios. Compraram empresas de celulose, de energia, de sapatos, de alimentos, de quase tudo. Os mais de R$ 240 milhões que usaram para comprar a Havaianas, por exemplo, não saiu do seu caixa. Foi 100% financiado pelo FT-FGTS da Caixa (isso mesmo, parte do FGTS recolhido pelo governo, resultado do suor da produção de todos os brasileiros da nação). E ainda fez o BNDES ser seu sócio, sendo dono de 21% de suas operações.
Popularmente falando, a JBS dava as cartas e jogava de mão!
* EBX – O império X de Eike Batista que nunca existiu, a não ser em papéis especulativos no mercado financeiro, foi usado pelo governo para controlar a cotação do dólar, a bolsa de valores, e, na imagem do 5º homem mais rico do mundo, era o garoto propaganda do “Brasil do Futuro” no mercado financeiro internacional, iludindo a todos como o homem do pré-sal.
O Grupo X nunca extraiu 1 litro de petróleo se quer. Entrou em ruína, junto com a peruca de Eike Batista em Bangu e as baladas de Thor Batista em Angra. Preso, descobriu-se que Eike derramou dinheiro em campanhas eleitorais, para ganhar contratos e licitações de exploração comercial de minérios, óleo, gás, portos, petroquímica e cia ltda.
Além destes escândalos todos, só para outros países o BNDES emprestou um total de R$ 10 bilhões no mesmo período, sem qualquer fiscalização. Enquanto aqui, obras públicas paradas por falta de recursos, tornaram-se grandes elefantes brancos.
Em resumo, Odebrecht era o braço do governo na construção civil, a EBX o braço do governo no mercado financeiro e a JBS, o braço do governo para garantir a governabilidade. “Tudo dominado!”
E para somar, a Petrobrás, que a gente nem precisa falar, por que no setor público ela foi o epicentro destes negócios espúrios misturando público x privado, visando sempre a próxima eleição.
Não sei se você já tinha parado para analisar como funcionava a “roda” das ligações público-provadas no Brasil. Os laços de nossos presidentes com os grandes empresários é coisa antiga, e mesmo que você não queira acreditar existem, e toda operação Lava-Jato está te mostrando isso todo dia, mesmo você não querendo acreditar. Mesmo você querendo continuar a acreditar que quem te explora é teu patrão e não o governo. Mesmo você acreditando no mundo cor de rosa dos livros de Carl Marx, que nunca saíram do papel. Mesmo você defendendo a volta de um salvador da pátria.
Deixa eu te contar outro segredo: Não existe salvador da pátria! Em um sistema com no mínimo 95% dos políticos corrompidos, não serão as eleições diretas que resolverão nossos problemas. As indiretas então nem se fala (apesar de ser o método constitucional vigente com a saída de Temer). E mesmo as eleições de 2018, que deverão dar um grande ‘boom’ em nosso sistema, a mudança não se dará da água para o vinho.
Uma nova Assembleia Constituinte na teoria seria a melhor solução. Propondo mudanças drásticas como o fim do pacto federativo e uma nova distribuição de impostos, fortalecendo os municípios, tirando o poder centralizador da União. Propondo também um plebiscito para o povo confirmar se ainda quer o congresso bi-cameral, ou o parlamentarismo puro. Definindo um limite para a criação de partidos, respeitando os ideológicos. E a aplicação do voto distrital, dentre várias outras mudanças necessárias, já que sabemos que, da maneira como estão, as ditas reformas não acontecerão.
Porém, essa opção dificilmente deverá acontecer. Uma das justificativas é que, primeiramente não temos um grande líder político para liderar o processo, como foi Ulysses Guimarães. Fora que, é uma vergonha para o Brasil ter uma nova constituição a cada 30 anos.
Uma coisa boa nisto tudo é que onde a gente vai, todo mundo está falando de política. Todo mundo está lendo mais sobre o assunto, pesquisando mais, deixando de trocar de canal na hora do noticiário, e mesmo tapados de nojo, acreditam que está na hora de dar um basta, e começar este processo de mudança e limpeza na política nacional.
Talvez demore um pouco mais do que se imagina, mas vamos pensar pelo lado positivo: não é o fim da era da corrupção, mas é o início da era do voto consciente. É a hora também da renovação em seu sentido literal, como já vem acontecendo nas Câmaras e nas Prefeituras Municipais, é chegada a hora da gurizada tomar conta das Assembleias Legislativas e do Congresso Nacional. Em 2014, dos 513 Deputados Federais, apenas 35 se elegeram para o primeiro mandato, o que é uma renovação completamente nula.
Fique atento eleitor, o processo de mudança passa por você. Seja o ator principal desse novo Brasil que todos nós queremos construir a partir de agora. Mantenha o seu papel de cidadão, por mais irritado que esteja hoje, por mais bilhões que tenham saqueados dos cofres do nosso país, e por consequência do nosso bolso.
Já entendemos coo chegamos até aqui, agora, só você pode mudar tudo isto!
Texo original publicado no sítio eletrônico do vereador Joel.
*Joel Maraschin é Vereador pelo PMDB em Butiá/RS, militante do Novo Movimento Democrático.
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