Democracia crisálida, antes larva ditatorial, hoje recorda os idos tempos em que a voz calava e a lágrima caia, sem que tivéssemos ninguém a nos auxiliar.
Maria e Marias choram por seus filhos crucificados, filhos dos porões dos navios negreiros, filhos da chibata, da escravidão, da tortura... Filhos da luta, com orgulho e face altiva frente aos demônios libertados quando Pandora condenou uma mulher inocente, soltando os grilhões de todos os males sobre a pátria amada, idolatrada, salve, salve!
Filhos da luta, com orgulho e destemidos, porque antes de nós milhares tiveram grito abafado e sangue derramado só para que se ouvisse a nossa voz.
Filhos do eco: repetição eterna nas veias abertas da minha América Latina, que vez ou outra desaba nas mãos de ditadores, de tiranos, de malditos homens que colocam seus interesses próprios acima do bem comum.
Filhos do eco, repetiremos nossas palavras até que o último Nero caia, até que a última Roma sobreviva, até que Catilina deixe de abusar de nossa paciência.
Esperança pálida foi o que nos restou, mas com a faísca se faz a chama e com a chama fazemos luz, "mesmo que de lamparina, na noite dos desgraçados".
As águas de março, de abril, de maio. As águas do Araguaia, do Amazonas, do Atlântico (mas nunca do Pacífico), vão nos empurrar rumo a rainha do mar, que feito Maria também chora, mas convoca todas as deusas e deuses para auxiliarem seus filhos nas batalhas que se aproximam.
Temeroso pode parecer nosso futuro, sombrias as notícias que vem do Centro-Oeste do Brasil, sentimos em nossos ossos o hálito gelado daqueles que querem sugar nossos direitos (e se puderem, nossas almas), mas a nossa estrela ainda há de brilhar, e quando isso acontecer, preparem-se entreguistas, servos de Mamon e filhos do capital, pois não haverá salvação, já que a história os julgará.
Enquanto isso resistimos, re-existimos, permanecemos em guarda, em pé, marchando. Da coragem fazemos a espada, do discurso fazemos o escudo, da união fazemos a força e, em 2 meses, 2 anos ou 2 séculos venceremos (e até lá, não vamos dar um passo atrás).
Força companheiros!
*Fernando Tozi Yokoyama é acadêmico do 5º ano de Direito na UniCuritiba, membro do Coletivo Advogados e Advogadas pela Democracia, membro fundador do Coletivo CORES - Coletivo Respeito, membro do Coletivo Juventude na Ativa, filiado ao PMDB e colaborador do Novo Movimento Democrático.
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